domingo, janeiro 05, 2003

PAISAGEM NA JANELA (Lô Borges/Fernando Brant):

Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo de pássaro
Vejo uma grade e um velho sinal
Mensageiro natural de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou você não quis acreditar
Mas isso é tão normal
Você não quis acreditar que eu apenas era
Cavaleiro marginal lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
Sem querer descanso nem dominical
Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Conheci as torres e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Quando olhava na janela lateral
Do quarto de dormir
Você não quis acreditar mas isso é tão normal
Você não quis acreditar mas isso é tão normal
Um cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Você não quis acreditar que eu apenas era.


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