domingo, janeiro 05, 2003

"Kate & Leopold"
Um filme que eu adorei.
PRIMEIRA PARTE

Introdução
“Kate e Leopold” não é só mais um filme que vem questionar o mundo moderno e suas conseqüências.
É um filme onde uma pessoa do passado é trazido para o presente e conhece uma mulher interessante, que seria a Kate McKay (Meg Ryan). Essa pessoa é Leopold (Hugh Jackman, q fez Volverine em “X-Men”), que vem como uma figura extremamente contrastante com os homens de hoje. Por ser alguém do tempo da monarquia, tem costumes gentis que não se vê nos homens ou mulheres de hoje.
Ele passa quase o tempo todo no apartamento de quem o levou para o futuro, de Stuart (Liev Schreiber), vizinho de cima da Kate.



Minha Opinião:
O que mais chamou minha atenção nesse filme foi a forma educada de criticar o ritmo ao qual os avanços conquistados atualmente nos conduziram, levando mais as pessoas da vida e as transformando, sem dúvida, em seres que vivem tendo que "vender um produto do qual não gostam". Isso porque precisam viver, precisam se enquadrar e pagar as contas do mês.

"Kate & Leopold" não é um filme comum que atende aos nossos anseios de poder sobre o tempo ao nos dar a chance de mexer no passado e fazer um futuro melhor mais sim uma obra muito bem encaixada na versão que poderia existir se o tempo fosse realmente alterado como na referida forma pelo filme. O autor merece aplausos!!!

O autor se preocupa em passar a idéia de que não só máquinas foram criadas para facilitar a nossa vida mas que está havendo um processo inverso de aprendizado. Ao invés de usarmos a nossa sabedoria para humanizar as máquinas, estamos aprendendo a ser tão frios quanto elas. Só que ele não nega as vantagens ou faz pouco de tudo que foi criado pelas últimas gerações mas sim faz de Leopold (Hugh Jackman, q fez Volverine em “X-Men”) alguém que, talvez por sua natureza de inventor, consegue coexistir com suas maneiras antigas no mundo moderno.

Ele não faz tudo virar um grande conflito deixando-nos a idéia final de que estamos todos perdidos e sem salvação a não ser que aprendamos, de uma hora para outra, o que deve ser feito para mudarmos para melhor. Ele faz com que Leopold vá caminhando devagar e conquistando os NOSSOS objetivos.
Tudo não acontece muito rápido. Você se diverte enquanto absorve as coisas boas do filme mas também não tem todo tempo do mundo pois ele não ultrapassa o padrão de 2h de duração.

Leopold encontra em Charlie McKay (Breckin Meyer), irmão de Kate McKay (Meg Ryan – atriz principal), o amigo e companheiro de todo filme.
Nessa convivência, o autor evidencia a substituição da sinceridade pela vontade de impressionar nas relações, quando Charlie se interessa por uma mulher e não tem muito sucesso na aproximação inicial com ela.
Há um cultivo sereno e forte da sinceridade ao longo dessas 2h que muito me agradou. Não que na monarquia de séculos atrás pudesse haver alguém realmente tão íntegro quanto o personagem criado como Leopold mas, se tivesse que haver, talvez naquele tempo fosse mais fácil.
Mas o ponto que quero evidenciar é que, como não se tinha como recorrer à internet ou a um telefone (onde se pode falar com alguém que nunca se viu) pra fugir da monotonia, os costumes corteses e a necessidade de interagir com alguém durante um tempo para fazer um dia diferente, levava a uma menor individualização ou maiores possibilidades de fuga dela.

Charlie começa então a obter sucesso quando foge de palavras escritas por Leopold, que o guiam durante uma conversa ao telefone com a mulher que deseja, e é obrigado a improvisar. Essa parte não é grande novidade mas nos faz pensar.
Charlie se vê tendo que improvisar como se ele tivesse realmente que inventar alguma coisa mas não é isso. Ele só tem que dizer o que ele sente, a verdade, e quando ele entende isso, a conversa acontece de forma positiva.
Tem tantas pessoas que estão longe dela (da verdade) atualmente (quando precisam mostrar suas fragilidades e querem se fingir de fortes) que acabam tendo que improvisar e fazer algo que mal sabem quando tudo que precisam é ser eles mesmos. A culpa também não é só de quem não é sincero mas também daqueles que não sabem ser sinceros ou, pelo contrário, não sabem ouvir a verdade. Não é preciso viver muito para ver como já foram fabricadas muitas dessas “máquinas” de improvisar.

Mas Leopold é humano, tem fraquezas. E também não é nenhuma novidade quando Charlie descobre que Leopold está gostando de sua irmã, Kate, coisa que é sugerida pela própria propaganda do filme.

Quando surge a possibilidade de formação do casal Kate e Leopold, não é de se admirar que sejam os principais de todo filme.

Kate é descrita como extremamente racional, trabalhadora, a mulher moderna que quer tudo que todas sonham mas não lhe sobra tempo para esses sonhos.
Talvez um homem tão racional quanto ela, tão ligado ao trabalho e tão realista é o que se comentaria, durante as horas de almoço e nos bares, que seria o ideal pra ela mas então, o autor do filme, sem grande novidade também, resolve humanizar mais essa máquina Kate.

Se no filme acontecem coisas previsíveis não poderia dizer que já o vi sob tantos outros títulos? Por que ele é bom?
Pelas pequenas coisas ele é bom e também por gostarmos de ver o que é bom, de novo. Pelo sucesso ao chegar nelas e pela forma que Leopold o faz, o filme é ótimo. E pela possibilidade de transpor algo daquilo para nossa vida, ele é maravilhoso. E por ver os toques de realidade em tantos sonhos durante a trama, o filme é simplesmente possível e melhor do que supõe seu título.







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