segunda-feira, julho 04, 2011

domingo, 13 de junho de 2010

Novidades em Linfoma - Congresso Americano de Oncologia Clínica (ASCO)

Prezados,

O Congresso americano ocorreu há cerca de uma semana atrás e neste final-de-semana está acontecendo o Congresso Europeu de Hematologia sobre o qual desejo escrever oportunamente.

Em relação aos americanos, apareceram algumas novidades interessantes. Vamos a elas:

Estudo mais esperado:

"Rituximab maintenance for 2 years in patients with untreated high tumor burden follicular lymphoma after response to immunochemotherapy"
G. A. Salles e cols.

Este é o estudo PRIMA, cujos resultados são esperados há cerca de dois anos, pelo menos.

O tratamento atual mais indicado para o linfoma não-Hodgkin Folicular inclui o uso de um anticorpo conhecido como rituximabe (Mabthera) associado com uma quimioterapia.

Há cerca de três anos, dois estudos demonstraram independentemente que, em pacientes com recaída de linfoma folicular, a administração de rituximabe após um segundo tratamento (manutenção) era melhor do que uma simples observação.

No entanto, este achado acabou sendo extrapolado para pacientes em primeiro tratamento, o que não é cientificamente acertado, pois até então não havia estudo com este tipo de paciente.

Pois bem, no estudo PRIMA, foram incluídos 1217 pacientes com linfoma folicular recém-diagnosticado.

Estes pacientes foram tratados com uma combinação de 8 doses de rituximabe com 8 doses de quimioterapia a escolha dos investigadores (poderia ser CHOP, COP ou FCM).

Os pacientes que tivessem uma boa resposta foram separados (randomizados) em dois grupos: em um deles nada foi feito (observação) e no outro foi feita uma dose de rituximabe a cada oito semanas por dois anos (manutenção).

A quantidade de pacientes que tiveram piora ou re-aparecimento da doença ao final de dois anos foi de 18% no grupo que fez manutenção contra 34% no grupo que fez observação, o que foi uma diferença significativa quando usados testes estatísticos adequados.

O outro lado da moeda foi que houve 22% de infecções no grupo de observação e 37% no grupo manutenção.

Para mim, esta questão ainda não está resolvida porque não se sabe ainda qual o impacto deste maior número de recaídas em relação à sobrevida dos pacientes. O linfoma folicular é uma doença crônica e costuma responder bem a outros tratamentos. Talvez, nos pacientes mais jovens, eu seja tentado a fazer a manutenção daqui para frente mas, francamente, tenho medo deste excesso de infecção quando trato pacientes idosos.

Creio que o melhor é esperar os anos passarem para vermos se realmente os pacientes que recebem doses de manutenção vivem mais (e melhor) do que aqueles que não recebem-na.
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Agora, uns curtinhos:

"Randomized study of rituximab in patients with relapsed or resistant follicular lymphoma prior to high-dose therapy as in vivo purging and to maintain remission following high-dose therapy"
R. Pettengell e cols.

Neste importante estudo, 280 pacientes com linfoma folicular foram submetidos a um transplante autólogo de medula. A grande maioria tinha recaído após um tratamento anterior.
A pergunta básica foi:
Adianta fazer rituximabe antes do transplante?
Adianta fazer rituximabe após o transplante?
O resultado foi que os pacientes que fizeram o rituximabe após o transplante (manutenção) tiveram um resultado melhor do que aqueles que não fizeram.
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"Effect of early chemotherapy intensification with BEACOPP in high-risk, interim-PET positive, advanced-stage Hodgkin lymphoma on overall treatment outcome of ABVD"
F. Fiore e cols.

O PET (tomografia por emissão de pósitrons, sob a forma de glicose) é um exame que desde a semana passada tem cobertura obrigatória por parte das operadoras de planos de saúde.
O paciente com linfoma de Hodgkin que tem um PET positivo após o segundo ciclo de quimioterapia parece ter uma maior chance de recaída e não-resposta ao tratamento habitual que é uma quimioterapia chamada ABVD.
Existe uma outra quimioterapia chamada BEACOPP intensificado que parece ser mais eficaz que o ABVD, mas tem muito mais efeitos colaterais.
Neste trabalho, os pacientes começaram o tratamento com ABVD e, após dois ciclos, mudaram para o BEACOPP se o PET estivesse positivo.
Infelizmente, esta estratégia foi mal sucedida já que houve muito mais recaída e progressões de doença no grupo com PET positivo. Novas formas de tratamento devem ser exploradas para estes pacientes.

Fonte: http://linfomacao.blogspot.com/search/label/mabthera

Su: Quantas coisas precisamos entender sem sermos médicos!

Transplante de Medula Óssea

Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas

É um tipo de tratamento proposto para algumas doenças benignas ou malignas que afetam as células do sangue. O transplante de medula óssea consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova.

O conceito fundamental para o transplante tem como base que todas as células que circulam no sangue, ou seja, os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas são originadas de uma única célula que fica na medula óssea, denominada célula progenitora ou célula-tronco (“stem cell”). Por isso, atualmente muitos especialistas preferem utilizar o termo transplante de células progenitoras hematopoéticas (TCPH).

A primeira etapa do procedimento do transplante consiste na coleta de células progenitoras hematopoéticas. Estas células estão localizadas principalmente dentro de ossos chatos, tais como bacia, esterno, vértebras e costelas.

Existem duas formas de coleta destas células: a primeira é feita diretamente através de múltiplas aspirações da medula óssea contida no osso da bacia com agulhas especiais, e a segunda forma é realizada através da utilização de substâncias que estimulam as células progenitoras a circularem em grande quantidade do sangue periférico e com isso serem coletadas através de um processo de “filtração” do sangue em procedimento denominado leucoaférese. Com este segundo procedimento, o sangue é separado e as células progenitoras são alocadas de acordo com o seu peso e armazenadas em um compartimento especial. A opção para cada uma das formas de coleta depende do tipo de transplante a ser realizado dentre outros parâmetros a serem definidos pela equipe médica.

O paciente é então submetido à quimioterapia com ou sem radioterapia em doses aparentemente capazes de erradicar as células da doença e consequentemente as células normais da medula óssea. À esta quimioterapia damos o nome de condicionamento. A reconstituição hematopoética se inicia após a infusão na corrente sanguínea das células coletadas previamente. Com a infusão de células progenitoras em quantidade suficiente do próprio paciente (denominado transplante autólogo) ou de um doador próximo e compatível (denominado transplante alogênico), a função da medula e a produção das células do sangue são restauradas de maneira suficiente a permitir a recuperação de um tratamento intensivo.

A indicação para o transplante de medula óssea depende do tipo de doença, do estágio da doença e da idade do paciente. O paciente deverá estar preferencialmente em remissão (isto é, com doença controlada). Não são todos os pacientes portadores de leucemia ou linfoma, por exemplo, que têm indicação para realização do transplante.

Indicações de transplante de medula óssea

O transplante de medula ou células progenitoras hematopoéticas está indicado para pacientes portadores de mieloma múltiplo, linfoma de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin, leucemia mielóide aguda, tumores germinativos, neuroblastoma e doenças caracterizadas por insuficiência medular, tais como mielodisplasia e anemia aplástica grave entre outros. Obviamente, existem particularidades na indicação de transplante para estas doenças no que se refere às características específicas de cada doença, por exemplo, se o procedimento deve ser feito como parte do tratamento inicial ou apenas após uma recidiva. No Brasil, estão bem definidas estas indicações e o momento adequado de sua realização, regulamentados por Portaria do Ministério da Saúde que define as indicações para o transplante não-experimental, ou seja, quando há evidência científica já consagrada na literatura médica.


Fonte: http://www.coinet.com.br/pagina/?CodPagina=47


Su: Vai ficar tudo bem, mãe!