quinta-feira, janeiro 29, 2009

O Mundo é o Barro
(O Rappa)



Moço, peço licença
eu sou novo aqui
não tenho um trabalho, nem passe
eu sou novo aqui
não tenho um trabalho, nem classe
eu sou novo aqui.

Eu tenho fé
um dia vai ouvir falar de um cara que era só um zé
não é noticiário de jornal, não é
não é noticiário de jornal, não é.

Sou quase um cara
não tenho cor, nem padrinho
nasci no mundo, eu sou sozinho
não tenho pressa, não tenho pano, não tenho dono
tentei ser crente
mas meu cristo é diferente
a sombra dele é sem cruz
no meio daquela luz.


E eu voltei pro mundo
aqui embaixo
minha vida corre plana
comecei errado, mas hoje tô ciente
tô tentando
se possível
zerar do começo
e repetir o play.

Não me escoro em outro, nem em cachaça
o que fiz, tinha muita procedência
eu me seguro em minha palavra
em minha mão, em minha lavra.
Certas Canções
(Tunai/ Milton Nascimento)


Certas canções que ouço
cabem tão dentro de mim
que perguntar carece
Como não fui eu que fiz


Certa emoção me alcança
Corta minha alma sem dor
certas canções me chegam
Como se fosse o amor

Contos da água e do fogo
cacos de vidas no chão
Cartas do sonho do povo
o coração do cantor

Vida e mais vida ou ferida
Chuva, outono
Carvão e giz abrigo
Gesto molhado no olhar

Calor que invade, arde, queima, encoraja
Amor que invade, arde, carece de cantar


Su: fiquei curiosa!


Su: "Simpatia é quase amor" (Gabriel, O Pensador)!
Poético!

"Quem quer dizer o que sente
não sabe o que há de dizer
fala: parece que mente
Cala: parece esquecer" (Fernando Pessoa)

E no meio dos escombros, irão suspirar... com ou sem juízo!

fonte: bichinhosdejardim.com

terça-feira, janeiro 13, 2009

Façamos (Vamos Amar)
Chico Buarque e Elza Soares


Os cidadãos no Japão fazem
Lá na China um bilhão fazem
Façamos vamos amar
Os espanhóis, os lapões fazem
Lituanos e letões fazem
Façamos vamos amar

Os alemães em Berlim fazem
E também lá em bom
Em Bombaim fazem
Os hindus acham bom
Nisseis, níqueis e sansseis fazem
Lá em São Francisco muitos gays fazem
Façamos vamos amar

Os rouxinóis, os saraus fazem
Picantes pica-paus fazem
Façamos vamos amar
Os uirapurus no Pará fazem
Tico-ticos no fubá fazem
Façamos vamos amar

Chinfrins, galinhas afim fazem
E jamais dizem não
Corujas sim fazem, sábias como elas são
Muitos perus todos nus fazem
Gaviões, pavões e urubus fazem
Façamos vamos amar

Dourados, mão, Solimões fazem
Camarões em Camarões fazem
Façamos vamos amar

Piranhas só por fazer fazem
Namorados por prazer fazem
Façamos vamos amar

Peixes elétricos bem fazem
Entre beijos e choques
Garçons também fazem
Sem falar nos adoques
Salmões no sal em geral fazem
Bacalhaus no mar em
Portugal fazem
Façamos vamos amar

Libélulas em bambus fazem
Centopéias sem tabus fazem
Façamos vamos amar

Os louva-deuses com fé fazem
Dizem que bichos de pé fazem
Façamos vamos amar

As taturanas também fazem
Um ardor em comum
Grilos meu bem fazem
E sem grilo nenhum
Com seus ferrões os zangões fazem
Pulgas em calcinhas e calções fazem
Façamos vamos amar

Tamanduás e tatus fazem
Corajosos cangurus fazem
Façamos vamos amar

(Lá vem com a mãe)
Coelho e só e tão só fazem
Macaquinhos no cipó fazem
Façamos vamos amar

Gatinhas com seus gatões fazem
Tantos gritos de ais
Os garanhões fazem
Estes fazem demais
Leões ao léu, são do céu, fazem
Ursos lambuzando-se no mel fazem
Façamos vamos amar

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Gostei!

http://jovan.nitrocorpz.com/videos/kmmmm_nitrocorpz_web.mov

fonte: http://jovan.nitrocorpz.com/

domingo, janeiro 11, 2009

Bandolins
(Oswaldo Montenegro)


Como fosse um par que nessa valsa triste
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não, e por que não dizer
Que o mundo respirava mais se ela apertava assim
Seu colo e como se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins
Como fosse um lar, seu corpo a valsa triste iluminava
E a noite caminhava assim
E como um par, o vento e a madrugada iluminavam
A fada do meu botequim
Valsando como valsa uma criança
Que entra na roda a noite está no fim
Ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins

Surpresa


Ela sempre me espera chegar. Como sei que ela sempre esperará, pareço fazer menos questão porque nunca perderei sua espera. É como se ela soubesse e de tanto me esperar sem querer jamais acharia que hoje, de repente, sem obrigação clara ou pedido explícito, simplesmente me tornasse merecedora do mais radiante sorriso (apesar da dor) ao sacudir só o pé na porta até que ela se desse conta de quem era o resto que chegava!
O sorriso dela me comoveu... parecia competir com aqueles olhos tão grandes que juntos são quase capazes de conseguir tudo! Acho que são contáveis as vezes na vida em que nos fazem sentir tão sinceramente importantes! A "família pode ser desestruturada" mas é como se, às vezes, eu fosse uma cadeira de quatro pernas com uma perna só: Ela. Nem fico muito tempo nos pensamentos que consideram a possibilidade de perdê-la. Tão humana, tão resistente, tão boba, tão mulher... Talvez eu fosse menos importante se ela fosse mais feliz, mas se puder empurrá-la um pouco para a felicidade (apesar de não sem dor, claro) espero que não seja em vão...

Voltando a falar das surpresas, uma vez foi para um Ele que cheguei. Não sabendo onde deveria chegar, precisei ser acobertada por um amigo dele. No ônibus o amigo se corroía de arrependimento por ter posto lenha numa má fogueira com a intenção de fazer a boa chegada melhor ainda. Todo tempo se precipitava sobre o celular querendo contar que o mundo continuava cor-de-rosa porque achava que o amigo estava sofrendo. Aquilo me abalou também mas era tão misturado com o prazer de ver que estavam sentido algo por mim que a viagem estava muito mais tolerável, regada pela certeza do final feliz... É sempre mais confortável ser o lado que fica bem.
Chegando, Ele atende a nossa chamada para o seu cel na janela que dá pra rua onde estávamos por indicação nossa através de desculpas fajutas. O amigo dele já estava mais calmo, pois já era o momento de dar tudo certo. Um pouco mais de lenha na fogueira errada, até que o míope Ele descontasse um grau de miopia com o apertar dos olhos para se dar conta de que eu, minha amiga e o namorado dela estávamos bem na frente de sua casa, apagando a fogueira errada! A empolgação se fez notar cada vez mais... Era a primeira vez que eu ia na casa dele. Cada minuto parecia um abraço...

Em pensar que na última surpresa em que eu tinha me feito aparecer antes dessas fui recebida com decepção por alguém com quem o compromisso fez passar pela minha cabeça que rolaria um sorriso. No lugar de todo respeito, foi-se perdendo a razão! Só não foi pior pela minha mania de não ser feliz em paz e considerar: tudo é possível! Fenômenos curiosos sucederam-se! Como pode uma noite ser romântica em si mesma, apesar de você? A lucidez direcionava os meus sorrisos (os meus existiram... mas não eram os mesmos).
O compromisso caiu num precipício. Um mês passou, fechado o buraco (nada se perde, tudo se transforma! era só um buraco!), vi-me fora dele! Maravilhosamente viva!
Resta sempre o poder de decidir o que aprender. Continuei fazendo surpresas. Vi que podem até ser solução!
Tudo mudou... pra melhor!!

:0))