quarta-feira, março 10, 2004

28.02.04 – Sábado – Segunda Visita

Dormi pouco, pelo q me lembro... foi quando fui dormir meia-noite e acordei as 3h da manhã e depois só fui dormir d novo d 6 até 7h... Quase q minha mãe não me acorda por esquecer q eu queria ir ver a minha avó d novo!!

Sharon falou q ia mas acabou não indo. Quem sou eu pra condenar tal atitude? Só me acho alguém pra isso se o motivo for idiota do tipo “estava com preguiça e não quis sair da cama” porque eu já fui bastante prejudicada por esse jeitinho dela preguiçoso ao extremo!! Quantos programas já foram pensados e eu não pude (ou sofri com a adrenalina d quase não poder) realizar porque dona Sha não quis sair da sua diabólica caminha??

Dessa vez meu avô não foi conosco.

Ainda estava com uma preocupação com relação ao mineiro q chegaria supostamente amanhã... como seria, como não seria... e aquele monte d encanações q, pra quem me conhece, sabe q não são fáceis mas isso eu conseguia esquecer...

Claro q, no carro, teve as horinhas do “oba, oba” (como diz minha Mãe) em q nós brincávamos bastante, coisa mt fácil com um tio com tanto talento pra palhaçadas como o meu, quando quer!!

Chegamos no HNMD (Hospital Naval Marcílio Dias). Dessa vez, ao ver minha avó, ela estava com os olhos fechados, e o tubo q entrava pela sua boca me incomodava mais por parecer mais apertado. Veio aquele pequeno golpe no peito devido a visão e o q já o tornava grande era justamente a possibilidade dele crescer. E vinha aquela minha voz (será minha mesmo?) em minha cabeça falando “essa não é sua avó, essa não é sua avó” e o golpe, agarrado no peito, ficava pequeno mas só aguardando as condições ideais para crescer. A batalha entre soluções e problemas na minha cabeça hoje não foi tão difícil quanto ontem mas houve um equilíbrio d força entre as 2 q exigia d mim um controle d idéia em tempo integral. Era eu ceder um pouquinho na crença nas minhas soluções q o problema passava a ganhar. E o motivo pra deixar qualquer lágrima se livrar da prisão q se tornaram meus olhos era a pessoa q eu mais amava no mundo chorar bem na minha frente: minha mãe!! Mas eu não deixava... precisava ser forte. Como minha mãe confiaria num corrimão q parece escorregadio apesar d terem contado pra ela q sua base é forte? Eu era esse corrimão e não podia deixar q o choro me fizesse parecer escorregadio porque talvez eu me tornasse, realmente.E começou a me rondar o pensamento d q eu tinha, d forma urgente, q me tornar mais independente emocionalmente da minha mãe senão, quando o tempo passasse mais e quem estivesse q estar em situação terminal fosse minha mãe e eu seria quem mais estaria ao seu lado para sofrer com ela, eu simplesmente acabaria morrendo em vida assim q ela se fosse! Como o tempo é curto, eu já ia administrando a partir daquele momento como eu ficaria na inversão de papéis. As vezes ficava difícil demais e eu voltava a ser neta na situação...

E o tempo todo eu repetia, olhando pra minha avó, já quase sem vontade d chorar “vc tá feliz, vc tá feliz... e eu vou ficar”.

Teve um momento em q eu quase encostei em seu braço machucado pelas picadas d seringa. E vi Aquele braço tão machucado no qual não deveria mt encostar... o q é q estava machucado? Eu deveria sentir a dor daquele braço?

Me preocupei mais em não deixar as lágrimas da minha mãe vazarem pelos meus olhos, pois eu não tinha motivos pra chorar... “minha avó está feliz” era a voz q calava quando eu parecia fraquejar. Então eu pensava: quantas pessoas conseguiriam passar por isso? Mesmo aquelas q diriam q eu não passei por tanto é porque ou já passaram por coisa pior ou simplesmente não entendem (ou não querem entender) o q eu estava passando. Ao mesmo tempo q as pessoas q me considerassem uma fortaleza por ter superado bravamente isso tudo só me fariam mal podendo prejudicar o meu conceito d gravidade ou fazendo com q eu me sentisse insensível por não concordar mt com elas. São tantas possibilidades, na verdade... no final das contas, o jeito é eu não comparar a minha situação com a d ninguém.

Na verdade, ao se visitar pacientes da UPG, só se pode ir um por vez mas eu e minha mãe ficamos a maior parte do tempo juntas. Rezamos. E finalmente chegou ao final a hora d visitação. Saímos.

Passamos num pessoal q vende material p/ fazer unha d porcelana pra minha mãe. Lá acabou sendo dito q minha avó estava internada. Nós estávamos num salãozinho de cabeleireira da mulher do cara q estava vendendo pra minha mãe. Sendo assim, a mulher falou pra minha mãe não ficar se sacrificando indo de Seropédica para o Lins todo dia pra ver minha avó senão não restaria nada dela justo num momento em q nào só emocionalmente tínhamos q ser fortes. Minha mãe tentou dizer q não, q dava mas a idéia acabou sendo aceita por ela.

Ficou combinado: Domingo, só domingo, não veríamos Dona Nilza.

Sendo assim, fiquei a madrugada toda acordada.... conversando com a Erica , na internet... vi o sol d domingo nascer. Achei q não iríamos a lugar nenhum hoje... principalmente o HNMD

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