segunda-feira, outubro 24, 2011

(>O bom debate:)

O debate frutífero não visa mudar o outro, mas sim chegar aos impasses... para ficar claro justamente onde escolhemos, em algum ponto, o que acreditamos. Onde os fatos não falam mais "por si", mas sim NOSSA VISÃO sobre os "fatos". É quando a luta não perde para a disputa porque não somos CONTRA o discordante! Queremos entender sua lógica AINDA QUE discordemos! Isso é ser permeáv...el e se abrir para o debate.

DISCORDAR passa por entender de modo qualificativo o outro. É diferente de quando SEMPRE julgamos que alguém discordou de nossa opinião "SÓ porque não entendeu", destituindo-o de toda qualidade de "entender". Embora a pessoa possa realmente não ter captado a idéia que se tenta passar, aqui se trata de uma situação diferente. Trata-se de quando o "não entender" é usado não para expressar um acontecimento, mas sim para desqualificar o outro facilmente, tornando-o, assim seu CONTRÁRIO e seu OPOSTO (o que aniquila também o paradoxo, mas esse não é o tema Desse texto). Tornando-o alguém que não é "a seu favor". Isso cai na mera disputa infrutífera onde os lados se degladiam sem o menor compromisso com o debate buscando uma vitória na habilidade com os argumentos e não a nível de PENSAMENTO (autorepensar-se e rever o outro), valendo ainda que percam a razão (contanto q seu "oponente" não perceba)!

Havendo entendimento, mudando ou não o outro, pelo menos - entendo que - algo se expandiu, porque, no mínimo, "a mente" (você, seu pensamento, corpo-pensamento) se permitiu uma nova compreensão! Isso fortalece a "verdadeira" discordância porque esta se firma não meramente CONTRA o outro, mas por entendê-lo e AINDA SIM manter a sua posição discordante!...

Síntese: num debate "sincero" discordar de verdade passar por entender o outro e expandir-se, mudando ou não sua posição.

(> "Somos um conjunto daquilo que decidimos acreditar":)

... Isso tem muito a ver com aqueles que não tem medo de mudar de opinião. Os mais rígidos protegem-se da mudança (mudar para si ou para o outro). Os mais flexíveis consideram que podem mudar, digamos assim,em linhas gerais. Penso que mudar é muito difícil quanto a religião, por exemplo, exatamente porque muitos estruturam suas VIDAS nela. Por isso esse debate é difícil. A pessoa pode, inclusive, GOSTAR da vida que leva, não querendo identificar falhas, temendo-as. Esse PRESSUPOSTO de que não se vai mudar até invalida o debate um tanto. A decisão de mudar não deve vir antes da experiência do debate. Quanto ao medo é até natural, já que mudar não é fácil ou necessariamente desejável. ...

(> Debate entre os inflexíveis:)

... Indo mais além, se ainda for possível salvar o debate entre os inflexíveis, entendo até que para alguns a disputa (e não exatamente a luta) valha um pouco pois, APESAR DE OUVIR ARGUMENTOS QUE FAZEM SENTIDO CONTRA A SUA CRENÇA, ainda sim, o ser PODE VIR A PERCEBER que ESCOLHE acreditar no sem sentido (é o admirável e não o que sempre acontece). Tem um pouco a ver com escolher um modo de vida, não ser dominado pela razão, até se propor a respeitar mais seu "oponente" já que (no fundo) concorda com ele mas não escolhe o mesmo caminho. Isto se PARECE com liberdade e livre-arbítrio, principalmente se não implicar em tortura de outros modos de existência.

Não quero com isso dizer que, de hoje em diante, poderia só haver discordâncias (o que guarda alguma similaridade com paradoxos habitáveis) e não oposições porque qualquer mundo sempre terá sua tábula de itens ináceitáveis. No final, sempre quero dizer que podemos ser menos fúteis e mais "tolerantes". Duas coisas muito difíceis. Duas coisas improváveis, mas não impossíveis*.

(*Esse é o nome de um filme que vou fazer!)


SuN

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