domingo, dezembro 30, 2012

Gandhi e a Marcha do Sal

Gandhi e a Marcha do Sal
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“A não-violência significa revidar, mas revidamos com outras armas.”
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A ação de RESISTÊNCIA pacífica ficou conhecida como a Marcha do Sal.
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“Ele entendeu que o controle da Índia dependia da cooperação dos indianos e não da coerção britânica”. Como era possível 100 mil soldados controlarem 350 milhões de pessoas? Ele dizia: “Não devemos odiar os britânicos, eles não tiraram a Índia de nós, fomos nós quem a demos a eles”.
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A nação inteira deveria ficar paralisada em uma ação de DESOBEDIÊNCIA CIVIL em massa.
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Ele escreveu ao vice-rei dizendo que iria fazer sal ILEGALMENTE e que chamaria os indianos a fazer o mesmo.
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Pedia que as pessoas fiassem seu algodão e parassem de CONSUMIR os tecidos britânicos, alertando sobre a perda de milhões de empregos. O Kadhi se transformou em uniforme informal do movimento de LIBERTAÇÃO.
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O país entrou em comoção. Gandhi disse: “Hoje desafiamos a lei do sal. Amanhã nós teremos que jogar outras LEIS na lata do lixo.
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Quem não vai preso BOICOTA lojas que vendem produtos britânicos e fazem PIQUETES."
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Em janeiro o GOVERNO resolve negociar e solta Gandhi e outros líderes.
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O processo revelou a injustiça e acabou com o consentimento indiano em relação à dominação estrangeira.
O POVO havia acordado para o seu próprio PODER e se colocado na estrada da independência, que viria a acontecer 16 anos depois, em 1947.

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Matéria na íntegra:

Gandhi e a Marcha do Sal
“Recusar-se de forma não-violenta a cooperar com a injustiça é uma forma de revidá-la.”

“A não-violência significa revidar, mas revidamos com outras armas.”

Em 1930, Mohandas Gandhi, então com sessenta anos, marchou com milhares de indianos até o mar. A ação de resistência pacífica ficou conhecida como a Marcha do Sal. A Satyagraha do Sal.

Gandhi pretendia acabar com a servidão da Índia à colonização britânica. “Ele entendeu que o controle da Índia dependia da cooperação dos indianos e não da coerção britânica”. Como era possível 100 mil soldados controlarem 350 milhões de pessoas? Ele dizia: “Não devemos odiar os britânicos, eles não tiraram a Índia de nós, fomos nós quem a demos a eles”.

Assim exortou seu país a parar de fazer qualquer coisa que os britânicos quisessem. A nação inteira deveria ficar paralisada em uma ação de desobediência civil em massa.

Para atingir este objetivo, Gandhi encontrou uma situação específica entre todas as que aconteciam sob a dominação britânica, que eram as taxações e o monopólio do sal. O sal foi escolhido por ser um símbolo poderoso: “Ali há algo de que todos precisamos, por que isso deveria ser taxado?”.

Ele escreveu ao vice-rei dizendo que iria fazer sal ilegalmente e que chamaria os indianos a fazer o mesmo. Assim começou a marcha, que durou cerca de um mês e que atravessou um percurso de quase 400 km até o mar. Gandhi esperava ser preso nesta ação.

No caminho até o mar, durante as paradas dizia às pessoas que deveriam boicotar o governo, e que funcionários públicos indianos deveriam deixar seus empregos. Perguntava quantos estavam usando o Kadhi, que era a vestimenta que usava, feita com tecido indiano.

Durante duas horas ele fiava o algodão, todos os dias. Pedia que as pessoas fiassem seu algodão e parassem de consumir os tecidos britânicos, alertando sobre a perda de milhões de empregos. O Kadhi se transformou em uniforme informal do movimento de libertação.

Milhares de pessoas acompanharam a marcha, e quando Gandhi chegou finalmente ao litoral falou, na véspera da ação, para doze mil pessoas: “Segurem o sal em suas mãos e pensem que ele vale 60 milhões de rúpias. Isto é o que o governo britânico vem tirando de nós com o monopólio do sal”.

No dia seguinte Gandhi tomou o sal em suas mãos e milhares de indianos fizeram o mesmo. O país entrou em comoção. Gandhi disse: “Hoje desafiamos a lei do sal. Amanhã nós teremos que jogar outras leis na lata do lixo. Nós realizaremos tanta não-cooperação que no final será impossível à administração prosseguir”.

Um mês depois, em 04 de maio, Gandhi escreve para o vice-rei dizendo que iriam tomar as salinas do governo na cidade de Dharasana, dando-lhe três opções:

“Acabe com a taxa de sal”

“Prenda os atacantes”

“Quebre-lhes a cabeça”

Na manhã seguinte Gandhi foi preso. Sua prisão vira uma tempestade e acontece uma paralisação geral. O vice-rei, Lorde Irwin, anuncia medidas de emergência: reuniões políticas proibidas, imprensa censurada e dissolvido o conselho ativo do congresso nacional indiano.

Milhares são presos, como Gandhi deseja. Ser preso era motivo de orgulho para as pessoas. Disse um menino: “Papai, dessa vez não será menos de dois anos”, esperando que ele não voltasse em apenas três meses.

Dia 15 de maio acontece o ataque às salinas, sem Gandhi. Fala a poetisa Sarojini Naidu: “Vocês não devem usar de violência em quaisquer circunstâncias. Vocês serão espancados mas não devem resistir. Não devem nem levantar a mão para se defenderem das pancadas”.

Duas mil e quinhentas pessoas enfrentam os guardas e são violentamente espancadas. Não esboçam uma única reação e continuam avançando até caírem, uma a uma, no chão.

A tortura gera uma revolta geral e 17 mil são presos. Gandhi diz: “No momento em que as leis dos poderosos são desobedecidas o poder desaparece”. Quem não vai preso boicota lojas que vendem produtos britânicos e fazem piquetes. Mais prisões.

O comércio britânico com a Índia, a “jóia da coroa do maior império colonial”, cai 25%. Três em cada quatro lojas de tecidos estrangeiros são fechadas.

Em janeiro o governo resolve negociar e solta Gandhi e outros líderes. Ele aceita negociar, mas garante que a produção de sal e os boicotes vão continuar. É o primeiro indiano a encontrar-se com um governante britânico em igual posição.

Negociam durante três semanas, o vice-rei se recusa a ceder em relação às leis do sal e aos tecidos importados, pois essas concessões “iriam indispor seus colaboradores indianos”.

Gandhi assegura a libertação dos presos políticos e a suspensão das medidas de repressão. Ele pede para que parem com a desobediência civil.

As questões constitucionais são deixadas para posterior discussão em Londres. Havia muitas pessoas que não estavam satisfeitas. Achavam que talvez Gandhi estivesse cedendo ou que talvez estivesse saindo do seu caminho.

Seu argumento era sempre o de que aquele movimento não era em vão, pois era com tais movimentos que se estava treinando as pessoas e que não se pode conseguir tudo de uma só vez. “Nós cedemos e reunimos nossas forças, treinamos e, então, damos o passo seguinte”.

Um ano após a Marcha do Sal, a Índia permanece sob domínio britânico, mas a Grã-Bretanha já não tinha pretensão de que estava ali legitimamente. O processo revelou a injustiça e acabou com o consentimento indiano em relação à dominação estrangeira.

O povo havia acordado para o seu próprio poder e se colocado na estrada da independência, que viria a acontecer 16 anos depois, em 1947.

Um mês depois Gandhi é assassinado por um hindu, que não aceitava o apoio de Gandhi a união entre hindus e muçulmanos na Índia. Esta união não aconteceu, nascendo assim o Paquistão.

Mohandas Karamchand Gandhi ficou conhecido como Mahatma Gandhi, a grande alma.

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