terça-feira, novembro 06, 2012

Pm contra PM: mobilização pra não invadirem moradias ao plantarem UPPs

Agora sim... PM contra PM...

Acho q ninguém aqui é a favor do tráfico como ele funciona, né? Submissão, nada coletivo, tortura.

Recorrer ao estado contra ele mesmo? Duvidoso... mas conscientizar sempre é bom e a ONG da matéria é conhec

ida. O problema é pra q serve a polícia e como ela serve! Aí pensar outra coisa porque quem realmente vale a pena na poliça não tem como agir contra a ideologia dela ("obedeça sem pensar")... Lembrando q a violência não é só do capitalismo... O capitalismo é mais uma forma de legalização d várias violências (o q não o desculpa em coisissima nenhuma). Acho q não dá pra crer no mito do homem bom apenas corrompido, né? Não se pdoe dizer q as massas não desejaram o nazismo...

 
 
Facebook: http://www.facebook.com/direitoparaquem
 
"Não existe um "direito à segurança", mas sim a segurança de direitos. Segurança não é um elemento conceitual. A segurança é sempre "de que?". Do direito à vida, à liberdade, à dignidade sexual, à inviolabilidade do domicílio. Assegurar direitos é o verdadeiro objeto da "segurança pública". No entanto, o discurso policial-midiático promove a palavra "segurança" ao posto de primazia do desejo do povo. Queremos segurança! E por essa pretensa "segurança" (que ninguém explica muito bem o que é), viola-se direitos de uma categoria inteira de cidadãos. Pela "segurança" a polícia invade casas sem mandado, atira por trás, prende sem suspeita, e viola os direitos que deveriam se assegurados (pela "segurança"). No Rio, estamos diante deste paradoxo.

Favelas do Rio se antecipam à UPP e lançam mobilização para que policiais não invadam moradias:
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/11/06/favelas-do-rio-se-antecipam-a-upp-e-lancam-mobilizacao-para-que-policiais-nao-invadam-moradias.htm

Site da campanha: http://redesdamare.org.br/?p=5937"
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Matéria na íntegra:
 
Favelas do Rio se antecipam à UPP e lançam mobilização para que policiais não invadam moradias:
 
06.11.12
Hanrrikson de Andrade
 
Cientes de que o Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, deve receber uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) até o fim do ano, moradores e ativistas lançaram uma campanha de conscientização, nesta terça-feira (6), sobre possíveis abusos policiais durante o processo de ocupação.

Cerca de cem voluntários da ONG Redes da Maré, responsável pelo projeto, deram início à mobilização, nesta manhã. Os ativistas percorreram várias ruas da favela Nova Holanda sob olhares desconfiados dos traficantes de drogas que atuam na região. Houve receptividade por parte dos moradores.

No total, mais de 50 mil adesivos com a mensagem "Conhecemos nossos direitos! Não entre nesta casa sem respeitar a legalidade da ação", endereçada aos policiais militares e agentes de segurança pública que participarão da implementação da UPP, serão colados nas janelas e portas de mais de 45 mil moradias das 16 comunidades que formam o Complexo da Maré. A próxima será a do Parque União.
Segundo a diretora da Redes da Maré, Eliana Silva, o objetivo do projeto é inserir os moradores no contexto pré-ocupação policial, tornando-os "agentes ativos no processo de conquista ao direito à segurança pública".

"Eles são atores centrais e a razão de ser da política de pacificação, e não meros espectadores do processo", disse Silva, que afirmou ter participado de uma reunião com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, antes de agendar a primeira atividade da campanha.

"Nós participamos de uma reunião com o secretário Beltrame, com o comandante-geral da PM [coronel Erir Costa Filho], com o comandante das UPPs, coronel Róbson Rodrigues, onde apresentamos a campanha. Mostramos que se trata de uma campanha focada no diálogo. Colocar uma voz que as pessoas, em tese, acham que não pode ter. Eles foram receptivos a essa ação. Reconheceram que se trata de algo inédito e inovador", completou.

Questionado se o poder público teria "aprovado" a ideia, o coordenador-geral da ONG Observatório de Favelas, Jaílson Silva, afirmou que a Secretaria de Segurança Pública e as forças policiais "reconheceram o direito" à livre manifestação, mas que não há qualquer participação governamental na elaboração e na execução da campanha.

"Não se trata de uma aprovação. Eles reconhecem que a gente tem esse direito, enquanto sociedade civil, e não se sentem agredidos pela campanha. Eles reconhecem que a questão da segurança também passa pelos moradores. A cúpula da segurança já superou a ideia de achar que a defesa dos direitos desses moradores é a mesma coisa que defender direito de bandido. (...) A questão é a forma como eles enfrentam o problema das drogas, pois termina violando o direito dos moradores. É contra isso que nós lutamos. Há outras formas de enfrentar isso", disse.

Já o diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, afirmou ser necessário interromper uma suposta "lógica de guerra", que surgiria, segundo ele, em razão das megaoperações articuladas para expulsar traficantes das favelas e instaurar "a chamada pacificação".

 

Controle do tráfico

Durante a manifestação da Redes da Maré, na manhã desta terça-feira (6), a reportagem do UOL percorreu as ruas, becos e vielas da comunidade Nova Holanda a fim de conversar com os moradores. No entanto, muitos optaram pelo silêncio, pois temem possíveis represálias do tráfico de drogas.

No decorrer da caminhada dos voluntários da ONG, era possível observar a movimentação dos criminosos, sempre armados e munidos de radiotransmissores. Ao passarem por uma esquina na qual há uma boca de fumo, fotógrafos que acompanhavam o grupo foram orientados pelos próprios traficantes a guardar as câmeras.

Segundo voluntários da Redes da Maré, há bem perto da sede da ONG uma rua que dividiria o controle territorial da comunidade entre duas facções rivais. Por esse motivo, o grupo se limitou a contornar o quarteirão referente ao local no qual os manifestantes iniciaram a caminhada. "É a nossa faixa de gaza", afirmou um estudante, que preferiu não se identificar.

Entre os poucos moradores que se disponibilizaram para entrevistas, houve opiniões divergentes. Para o morador Alessandro Carvalho, que não especificou sua idade, a abordagem policial faz com que muitos se sintam "humilhados".

"Eles fazem isso mesmo. Entram na favela sem respeitar ninguém. Se você não tem um emprego, se não tem uma carteira assinada, eles te humilham, invadem sua casa, desrespeitam sua família. Dou todo apoio para a campanha", disse ele, antes que a entrevista fosse interrompida em função da aproximação de um jovem armado, possivelmente pertencente ao tráfico de drogas da região.

Já o auxiliar de pedreiro José Henrique Zeferino, que mora há 40 anos na Nova Holanda, afirmou nunca ter sido abordado de forma truculenta por policiais. No entanto, ele reclamou do preconceito em relação aos moradores das favelas.

"Comigo nunca fizeram nada. Já me pararam lá fora algumas vezes, mas sempre de forma educada. Lá fora, todo mundo que mora em favela é bandido, é perigoso. A gente precisa mostrar que também tem povo trabalhador aqui", disse.

 

Denúncias sobre abusos

De acordo com a diretora da Redes da Maré, Eliana Silva, as denúncias de moradores que teriam sofrido com supostos excessos relacionados à abordagem policial aumentaram nos últimos dois meses. As últimas ocorreram nesta manhã, pouco antes da caminhada feita pelos ativistas.

"A gente tem tem recebido muitas denúncias nos últimos dois meses, desde que dois jovens morreram aqui. Houve muita indignação a respeito da forma como os policiais entraram, roubando dinheiro das pessoas. Teve uma senhora que chegou a ir na delegacia. Duas ou três vezes por semana", afirmou a coordenadora da ONG.

"Um morador do Parque União nos disse que hoje os policiais arrombaram portas utilizando chaves mestras. Eles estão entrando dessa forma absolutamente invasiva, entram sem autorização dos moradores. A pessoa chega do trabalho e encontra sua casa invadida. Isso é inadmissível. Imagine se isso acontecesse no Leblon", questionou Jaílson Silva, referindo-se ao bairro nobre da zona sul do Rio.

 

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