terça-feira, outubro 06, 2009

Tradição
(Gilberto Gil)

Int.: Conheci uma garota que era do Barbalho, uma garota do barulho
Namorava um rapaz que era muito inteligente, um rapaz muito diferente
Inteligente no jeito de pongar no bonde e diferente pelo tipo
De camisa aberta e certa calça americana arranjada de contrabando
E sair do banco e, desbancando, despongar do bonde
Sempre rindo e sempre cantando
Sempre lindo e sempre, sempre, sempre, sempre, sempre
Sempre rindo e sempre cantando
Conheci essa garota que era do Barbalho, essa garota do barulho
No tempo que Lessa era goleiro do Bahia, um goleiro, uma garantia
No tempo que a turma ia procurar porrada na base da vã valentia
No tempo que preto não entrava no Bahiano nem pela porta da cozinha
Conheci essa garota que era do Barbalho no lotação de Liberdade
Que passava pelo ponto dos Quinze Mistérios indo do bairro pra cidade
Pra cidade, quer dizer, pro Largo do Terreiro pra onde todo mundo ia
Todo dia, todo dia, todo santo dia, eu, minha irmã e minha tia
No tempo quem governava era Antonio Balbino, no tempo que eu era menino
Menino que eu era e veja que eu já reparava numa garota do Barbalho
Reparava tanto que acabei já reparando no rapaz que ela namorava
Reparei que o rapaz era muito inteligente, um rapaz muito diferente
Inteligente no jeito de pongar no bonde e diferente pelo tipo
De camisa aberta e certa calça americana arranjada de contrabando
E sair do banco e, desbancando, despongar do bonde
Sempre rindo e sempre cantando
Sempre lindo e sempre, sempre, sempre, sempre, sempre
Sempre rindo e sempre cantando

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