A mãe do assassino pagou 50 mil de fiança e Fernando Mirabelli, assassino bêbado, já se encotnra impune em casa!
"Num país onde é permitido espancar puta, queimar índio e molestar mendigo, matar... garis é fichinha. Brincadeira de criança. Ontem mesmo, aqui em São Paulo, um filho de uma grande puta ( com todo o respeito as profissionais do sexo) matou dois. Bêbado, a bordo de um carro grande e veloz, ele não viu aqueles que varrem nossa sujeira. Que fazem o serviço que não gostaríamos de fazer.
Não viu porque garis NÃO existem. Garis são INVISÍVEIS. Usam laranja, a cor que vai ser moda nesse verão, mas NÃO são vistos. Ninguém dá bom dia a gari. Ninguém ajuda um gari. Ninguém é gentil com um gari na rua. Pior, ninguém sequer, olha um gari com desprezo, como olha um mendigo. Olhar como, se garis são invisíveis?
O Facebook tem 800 milhões de usuários. E NENHUMA indignação com relação aos garis mortos por um imbecil embriagado, que se julgava capaz de guiar depois de encher o cu de álcool. Mas convenhamos, era de se esperar, já que garis NÃO existem. Não tem conta em rede sociais. Não moram na vila madalena. Não são descolados. Não estudaram em colégios de bacanas. Não tem uma profissão admirada.
Garis fazem parte de uma maioria. A qual, claro, a sociedade fecha os olhos e trata como minoria. Escória. Por isso, não estranharei se o advogado deste assassino não defender o atropelador com: "Garis nao existem. Logo, meu cliente não matou ninguém". Boa oportunidade para Marcio Thomaz Bastos, diga-se de passagem.
Pra quem acha exagerado meu desabafo, recomendo o brilhante livro de Fernando Braga da Costa, que vestiu o uniforme laranja e trabalhou como gari, varrendo ruas da nata da educação brasileira: a ilibada e politizada USP. Em um trecho do livro Braga diz: "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim e NÃO me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão". Viram? Garis NÃO existem.
A mãe do assassino pagou 50 mil de fiança e Fernando Mirabelli, que além de bêbado, tentou fugir do local do atropelamento, já está em sua casa. Lembrando que dentro do seu carro a polícia encontrou 2 garrafas de uísque, vazias, e latas de cerveja.
A vida segue. Sem justiça. Sem mudanças. Sem cumprimento das leis. Sem esperanças. E sem garis, claro. Afinal, eles NÃO existem. Pelo menos aos olhos de quem não tem valor, compaixão, dignidade. E para a família de Alex de Souza, de 26 anos e de Roberto de Jesus, existirão, agora, apenas na lembrança. E na dor.
Foto de Alexandre Rielo.Ver mais
De: Luiz Marcelo Diniz"
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