Klockwork Kubrick
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Até que alguém que pelas suas características foi diagnosticado como portador de autismo de alto desempenho, Kubrick se saiu muitíssimo bem.
Genial,o diretor tinha a seguinte teoria: repetir os takes exaustivamente, até obter o resultado pretendido. Apesar de parecer um ato aparentemente frio e desumano, os resultados com a atriz Shelley Duvall em O Iluminado parecem ter funcionado. Após mais de 100 takes (um recorde) os gritos de desespero da atriz na cena "Here is Johnny" pareciam reais. Talvez por que fossem reais.
Genial,o diretor tinha a seguinte teoria: repetir os takes exaustivamente, até obter o resultado pretendido. Apesar de parecer um ato aparentemente frio e desumano, os resultados com a atriz Shelley Duvall em O Iluminado parecem ter funcionado. Após mais de 100 takes (um recorde) os gritos de desespero da atriz na cena "Here is Johnny" pareciam reais. Talvez por que fossem reais.
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Da cinebiografia de Kubrick, adoro todos em maior ou menor escala, sendo que "Laranja Mecânica" é a menina dos olhos. Sempre julgado pela violência exacerbada, tudo ali tem uma razão de ser, inclusive a violência. Alias, Kubrick prima pela técnica impecável mesmo quando exagera.
Mesmo quando misturava diversas técnicas, ele criava o ambiente que queria da maneira que desejava. Seus cenários tem cores sempre extravagantes, poucos objetos de cena, chão brilhando, luzes estourando nas paredes e tetos, tudo tem uma perfeita sintonia com o mundo em questão. Aliás, essa característica não se diz somente à "Laranja Mecânica", e sim a todos os filmes de Kubrick, até mesmo Spartacus!
Mesmo quando misturava diversas técnicas, ele criava o ambiente que queria da maneira que desejava. Seus cenários tem cores sempre extravagantes, poucos objetos de cena, chão brilhando, luzes estourando nas paredes e tetos, tudo tem uma perfeita sintonia com o mundo em questão. Aliás, essa característica não se diz somente à "Laranja Mecânica", e sim a todos os filmes de Kubrick, até mesmo Spartacus!
No filme Alex (a-lex, sem-lex, sem-lei) interpretado brilhantemente por Malcolm MacDowell é o protagonista narrador de nossa história, nosso herói pós-moderno, onde a ultraviolência é o ideal da violência estetizada, violência transformada em espetáculo, em show, em objeto de consumo. Violência industrial, objetivada e despersonalizada.
Alex deliberadamente agride e transgride essa segurança social como forma de afirmação de sua liberdade individual e o meio que encontrou para isso é destruindo as possibilidades de segurança da sociedade.
Se na violência passional há um sujeito que violenta um objeto de violação, isso já não existe quando a destruição se torna bem de consumo. Não importa mais quem sofre ou quem faz sofrer, muito menos o porquê do sofrimento. Agora é o próprio sofrimento, e unicamente ele, o sujeito, o objeto e a finalidade da violência.
Alex é preso. Concorda-se que Alex merece ser punido. Esse tratamento promete retirar de Alex a sua violência extremada.
É aí que a violência se inverte e o tratamento o torna enfim um indivíduo cujos instintos e vontades se encontram subjugados ao condicionamento social. Ser desprezível e sem importância, privado de qualquer espécie de prazer, Alex é agora uma laranja mecânica. Estava, agora, tão desumanizado quanto antes.
Se outrora o personagem não poderia ser considerado plenamente humano porque não era cúmplice do código social, agora ele é igualmente desumano, porque não pode ser senhor de si mesmo, não pode gozar de seus instintos.
A genialidade do filme está aí, na inversão dos valores, no enquadramento de Alex pelo Tratamento Ludovico e o questionamento que fica é: Não estamos nós permanentemente sob um Tratamento Ludovico? Não é essa a função das instituições sociais como a Religião, a Família, a Escola e a Moral em si? Não estamos cada vez mais condicionados àquilo que se prevê como correto e bom? Não estamos mergulhados num sistema de dogmas e preconceitos que regem nossos julgamentos?
Enfim, é genial.
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Stanley Kubrick
Nova Iorque, 26 de julho de 1928 — Hertfordshire, 7 de março de 1999.
Stanley Kubrick
Nova Iorque, 26 de julho de 1928 — Hertfordshire, 7 de março de 1999.
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