O carnaval é uma festa popular. Disso todo mundo já sabe e toda a agitação desse período são a prova da popularidade que o carnaval possui. Muitos por aí até mesmo dizem que “o ano só começa depois do carnaval”. Além disso, já se ouviu muito falar que o carnaval é a festa popular que representa melhor o Brasil, culturalmente, para o resto do mundo.
Mas será que o nosso tão afamado carnaval realmente é nosso? Segundo algumas pesquisas a história do carnaval é bem diferente daquilo que talvez um dia tentasse imaginar. Então vamos avaliar o que elas dizem a esse respeito.
As origens do carnaval
O carnaval teve sua origem no Império Romano (III a.D. – IV d.C.), e recuperado pela tradição cristão, consistia em um período de festas que ia desde o Dia de Reis até a quarta-feira que antecedia a Quaresma.
O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne nada vale", expressão que deu origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes.
Outros pesquisadores chegaram a defender a idéia de que o Carnaval remonta a celebrações em homenagem à deusa Ísis ou ao deus Osíris, no Egito antigo. Outra corrente diz que o Carnaval teve origem numa festa romana chamada “Saturnália” (figura), em que um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. Por conta desse carro em forma de navio (carro naval) usado nessa antiga festa romana, alguns apontam a origem do termo e da festa do Carnaval.
Atualmente, a teoria mais aceita é a que liga a palavra "Carnaval" à expressão “carne levare”, ou seja, afastar a carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma. Em 1091, a data da Quaresma foi definitivamente estabelecida pela Igreja Católica; como conseqüência indireta disso, o período de Carnaval se estabeleceu na sociedade ocidental, sofrendo, entretanto, certa oposição da Igreja, na Europa. Embora alguns papas tenham permitido o festejo, outros o combateram vivamente, como Inocêncio II.
À seqüência do Renascimento, o Carnaval adotou o baile de máscaras, e também as fantasias e carros alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual, que se preserva especialmente em regiões da França, Itália e Espanha.
O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade francesa do século XIX. As cidades de Paris e Veneza serão os grandes modelos exportadores da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no Carnaval francês para implantar suas novas festas carnavalescas.
Um russo no carnaval
Mikhail Bakhtin (1895 – 1975) foi um pensador russo que dedicou-se à compreensão do mundo carnavalesco e o estudo das festas populares antigas, medievais e renascentistas. Em seus estudos, Bakhtin (foto) procurou entender a lógica que movimentava o mundo carnavalesco. Segundo ele, o carnaval não era uma simples baderna cheia de diversões e vazia de significados. Para ele a festa oferecia uma visão nova do mundo ao homem. Que visão seria essa?
Bakhtin dizia que o carnaval era um festejo onde se promovia uma inversão dos valores do mundo, onde todos se tornavam iguais mediante um vasto jogo de expressões, brincadeiras e, principalmente, através do riso.
O carnaval busca através de blasfêmias, sátiras de rituais religiosos e imagens grotescas, rebaixar toda a sociedade a um mesmo nível. Essas “brincadeiras”, na verdade, era uma forma do povo, renovar os seus ânimos mediante as diferenças e obrigações que lhes eram exigidas em seu cotidiano normal.
O riso carnavalesco coloca, cara à cara, aqueles que no mundo das convenções e normalidades estavam separados pelas diferenças sociais e econômicas. O nivelamento, antes de tudo, pretendia trazer um contato entre toda a sociedade e ressaltar que os homens, na verdade, são iguais e que o mundo tradicional, assim como na natureza, um dia dá lugar à novas maneiras de agir e pensar.
fonte: http://rain3r.blogspot.com/2007_02_01_archive.html
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